sábado, 22 de novembro de 2014

Conrad

Conrad era minha ovelha, mas Conrad, apesar de ser ovelhA era macho. Gostava era de andar, como se estivesse procurando algo. Cheirava plantas, terra, pasto e depois paralisava. Acho que era pra sentir o cheiro, mas sentir com todos os sentidos, sabe? Conrad quis saber o significado das coisas, mas não para muda-las ou pensar sobre isso. Só pra saber mesmo. Bom, ninguém se importava. A vida no campo é doida. Passa muito devagar e você não sabe direito o que está fazendo, então o significado das coisas passa a não importar muito mesmo. É uma questão de observação vazia, sem contemplação. A vida passa lenta nesse canto da Terra. Enfim, voltando a Conrad. Eu não sei bem como, mas vou só contar o que vi. Conrad sumia todo os dias, sempre no meio da tarde e só voltava ao anoitecer. Num dia desse aí ele não voltou. Ao raiar do dia seguinte, como de costume, acordei cedo pra tirar os leite das vaca. Sonolento, senti uma sombra por cima da minha cabeça. Olhei, com os olhos ainda serrados se sono, mas tenho certeza do que vi, juro pela minha mãezinha, era Conrad subindo num balão. Só subia o balão. Com gás e às vezes soltava até fogo! Foi muito estranho, mas não pensei muito em como ele foi parar lá. Parecia o certo. Senti como se fosse normal. Era Conrad, era pra ser. E se foi.